Saiu de casa, havia pressa no seu passo;
A verdade é que tinha um compromisso,
Sua alma ofegava de cansaço
E seu peito palpitava de enfermiço!
Nisto, perguntou-lhe o velho vento:
Desculpe amigo, mas não queres
Sair comigo num alegre movimento
E arribar a saia das mulheres?
Não tenho a intenção de desfazer
Do seu convite educado e tentador
Mas não vai dar para sair com o senhor
Pois tenho algo importante a resolver!
Compreendo, pois bem, irei sozinho,
Disse o vento a poeira levantando!
À maneira de um veloz redemoinho
E saiu em espiral cantarolando!
E o sujeito retomou o seu destino
Quando o sol exuberante e taralhão
Com um brilho fervilhante e vitelino
Exigiu-lhe um minuto de atenção!
Meu amigo tu tratastes com descaso
O chamado que o vento lhe fizera
Mas não podes rejeitar tudo que gera
as preclaras maravilhas de um ocaso!
Logo logo meu amigo eu me ponho!
À esse evento aparatoso lhe convido
O ocaso tem as cores de um sonho
E faz o peito de ternura embevecido!
Nada neste mundo se equipara
Com a luz crepuscular que se evanece,
Se no poente o amante se declara
A pretendida de amores desfalece!
Eu não quero tua glória desprezar,
Que deslumbre ver o sol de camarote,
Mas há algo que não posso adiar
E estou cheio de urgência até a glote!
Dizendo isso o rapaz se retirou,
Nem o vento no cabelo, o sol fugace
Poderiam impedir que se matasse
E num recanto isolado se enforcou!