Arlindo@123

Dois Convites, Uma Resolução

Dois convites, uma resolução

Saiu de casa, havia pressa no seu passo;

A verdade é que tinha um compromisso,

Sua alma ofegava de cansaço

E seu peito palpitava de enfermiço!

 

Nisto, perguntou-lhe o velho vento:

Desculpe amigo, mas não queres

Sair comigo num alegre movimento

E arribar a saia das mulheres?

 

Não tenho a intenção de desfazer

Do seu convite educado e tentador

Mas não vai dar para sair com o senhor

Pois tenho algo importante a resolver!

 

Compreendo, pois bem, irei sozinho,

Disse o vento a poeira levantando!

À maneira de um veloz redemoinho

E saiu em espiral cantarolando!

 

E o sujeito retomou o seu destino

Quando o sol exuberante e taralhão

Com um brilho fervilhante e vitelino

Exigiu-lhe um minuto de atenção!

 

Meu amigo tu tratastes com descaso

O chamado que o vento lhe fizera

Mas não podes rejeitar tudo que gera

as preclaras maravilhas de um ocaso!

 

Logo logo meu amigo eu me ponho!

À esse evento aparatoso lhe convido

O ocaso tem as cores de um sonho

E faz o peito de ternura embevecido!

 

Nada neste mundo se equipara

Com a luz crepuscular que se evanece,

Se no poente o amante se declara

A pretendida de amores desfalece!

 

Eu não quero tua glória desprezar,

Que deslumbre ver o sol de camarote,

Mas há algo que não posso adiar

E estou cheio de urgência até a glote!

 

Dizendo isso o rapaz se retirou,

Nem o vento no cabelo, o sol fugace

Poderiam impedir que se matasse

E num recanto isolado se enforcou!

 

Moreira Júnior