NEM TRENÓ, NEM RENAS
Se tem coisa que me lembro
Quando chega o Dezembro
É do tempo de criança
Comportado e obediente
Pra ganhar algum presente
O Natal era a Esperança
Nem sempre fui bonzinho
Mas aquele bom velhinho
Merecia meu respeito
Dono d\'um bom coração
Demonstrava compaixão
Ignorando meus defeitos
Quando o sono me vencia
Eu sonhava com a magia
Do chinelo na janela
Acordava bem cedinho
Só não via o bom velhinho
Nem trenó, nem renas e sela
No embrulho do presente
Vinha escrito, quase sempre
- \"pra você, anjo adorado !
Este é só mais um troféu
Que te deu Papai Noel
Por serdes bom e educado\"
Me recordo alguns anos
Que sofri com desenganos
Pois, presentes não me deu
As crianças, desde cedo
Exibiam seus brinquedos
Só eu que não tinha o meu
E quando isso acontecia
O meu pai sempre dizia
- algo horrível sucedeu
Papai Noel é camarada
Ele se perdeu na estrada
Ou o dinheiro hoje não deu
As crianças, cedo ou tarde
Aprendem que na realidade
Isso é parte do ensino
No misto de lar e religião
Se impõe a educação
Na menina e no menino
Eu quisera, daqui distante
Que no céu, por um instante
Os meus pais pudessem ouvir
A minha alma agradecida
Por me darem nesta vida
Mil razões para existir