Jonas Teixeira Nery

Tempos vividos

Ah, não aprendi nada ou quase nada, entre recusas!

Essa serenidade espantosa nesse caminhar desnudado.

Eu que não sou seu dono, só sonho, não me dei conta!

Sonhos, tantos sonhos que me acalantam, me apaziguam...

 

Vivo através desses medos e anseios, passando pela vida.

Apenas vivo! Não sei mais como resistir essas tormentas!

São tantos os alienados, os famintos, os despossuídos!

Eu aqui incrédulo, persistindo entre reflexões e contradições!

 

Me encontro nessas névoas, nesses mares, nesses silêncios.

Muito fiz, nada fiz! Sei bem como a vida é tênue,

cheia de percalços, sobressaltos, indiferenças.

Assim me perdi entre máscaras, entre sonhos e indiferenças.

 

De repente ao espelho, reflito, reparo: envelheci!

Tolerado e tolerante, caminho meus passos trôpegos!

Não sou nada, ainda que tenha sonhos, que tenha fome!

Sou tão pouco nesse caminhar entre impropérios e desânimos!

 

Quero caminhar meus últimos passos sem marcos, sem perguntas!

Chega de indagações sem respostas, desse mundo que não entendo.

Nessas ambiguidades, entre paisagens e ventos, entre enganos,

resta esse caminhar compassivo, essa solidão entre saudades...