victoriafalcao

traumas

todos os seus traumas

incorporam em mim

como se eu fosse uma espécie 

de espelho seu

 

meus fantasmas e angústias

tão antigos e familiares

agora se associam aos teus

então eu cresço pequena

e não encaixo bem em lugar nenhum

 

tenho medo das sombras da tua voz

do barulho que a noite faz lá fora

procuro não olhar o espelho

esconder as marcas da apatia 

que corre nas minhas veias

 

os gritos e o aprisionamento

meus sentimentos mal compreendidos

nunca sei onde tudo começa 

nunca sei quando terminar

 

o mistério segue sem solução

eu só sigo o mesmo insistente caminhar

não existe uma flecha

ou uma estrada de tijolos amarelos

que me guie na direção certa

 

nada soa verdade

tudo parece distante

não me vejo mais em nada

me desfaço mais de mim

a cada dia que passa