Hébron

Súplica do seu poema

Nesse meu clamor, rogo-lhe a vida!
Meu sopro de vida é seu olhar
É a criatividade que você renega
Uma derrota não se projeta
Meu existir depende do seu ar
Preciso do seu fôlego
Da sua ofegância, da sua ânsia
E do suspiro da brisa da esperança
Ainda confio em você, mesmo trôpego
Indeciso em dar o passo, sôfrego
Sangrando ainda sua ferida
Mas nesse meu clamor, rogo-lhe a vida!

 

Ou o sol perderá um pouco o brilho
A lua sempre se mostrará escura
O coração em pleno amor vai parar
As notas fugirão dos acordes
Uma melodia gemerá em tom de dó
O brinquedo da criança parará de sorrir
O relógio perderá a fé no amanhã
E o amanhã não mais aurora
Ao chão se retirará o céu
A mim se negará o verso
Sua poesia será abandonada, sem rima
Café com pão virará descarrilho

 

Não seja o algoz da minha desdita
Lembre-se de quem você é:
O maior amor de um alucinado
A sanidade que abraça as estrelas
As fantasias de vida bandida
A santidade que se alastra em fé
A ficção de um malvado
A perfeição das canções refeitas
A prece sã de plena cura bendita
O herói e o anjo com harpas e trombetas
A prosa contente com a fruta no pé
O pássaro veloz em vôo de partida

 

Lembre-se de suas proezas
Das certas incertezas
Das coisas impossíveis
Das palavras inventadas
Dos paladares das crianças
Das musas e malabares
Das cores dos invisíveis
Das guerras e outras danças
Das nuvens garimpadas
Nas profundezas dos mares
Dos risos de palhaços e princesas
Lembre-se das suas proezas

 

Veja o que diz um profeta, com seu lema:
Da loucura sem saudade
E da reluzente escuridão
Não surgirá o refrão
Ou mesmo a prosa poética
O conto do drama ou da liberdade
Nem a precisão de um repente!
Sem a narrativa profética
Do derradeiro expoente
Morrerei em poesia, sem verdade
Peço-lhe, pois sou fascinação
Sou criação, sou seu poema!

Não deixe de ser poeta!
Nesse meu clamor, rogo-lhe a vida!