Francisco Mourão da Silva

Calabouço da Saudade

Calabouço da Saudade

 

Bem ali, no meio da rua, ao cair da tarde, debaixo de uma grande chuva, encontrava-se uma viúva que sozinha chorava, recitando versos de uma folha molhada. Chamava pelo finado num tom de voz que assustava a todos que pelas flechas das janelas presenciavam o calabouço da saudade.

 

Que o vento me leve para ti, ó meu bem-amado!

A vida sem ti não tem mais sentido, é só martírio e dor.

Estou presa nos braços da solidão de um tempo voraz

E Confinada no calabouço da saudade de você, ó meu amor!

 

As minhas lagrimas por ti, inundam as ruas

Que nem a chuva forte aqui se pode igualar!

A minha tristeza é tanta, igual a sua

Até mesmo no sofrimento, formamos um par!

 

Que as portas dos Céus se abram, pela minha dor

Que Deus se comova do lado de lá

E leve essa filha do amor

Que perdeu as forças, para lutar.

 

Estou sedenta de amor

Meu coração está amargurado

Deus, meu Deus me socorra agora, por favor!

Antes que eu possa, cometer um grande pecado!