Conheço felicidades frágeis que desmoronam com um estalar de dedos.
Conheço felicidades que não resistem a uma reaparição de alguém do passado.
Conheço felicidades construídas sobre nomes proibidos, assuntos impronunciáveis que, por dentro, latejam.
Conheço felicidades que andam para frente com o retrovisor arrancado.
Conheço felicidades que só são felizes porque seu passado não dá sinal de vida.
Conheço felicidades infelizes, construídas sobre mentiras perfumadas e fotos sorridentes.
Felicidade mesmo é topar com o passado em qualquer esquina da vida e seguir sem abalo.
Felicidade mesmo é ter vivido histórias que já não vivem, que apenas permanecem escritas e compõem um pouco do que se tornou o nosso coração.
Felicidade mesmo é não ter nome proibido, tema intocável, cerca elétrica em volta do que passou.
Aliás, felicidade mesmo é manter o passado livre e viver o presente com o coração inteiro.
Todo mundo tem um passado, mas nem todo passado passou. Alguns ainda respiram e esse é o maior tormento de quem insiste numa felicidade impossível de coexistir com o que há muito deixou de viver, mas ainda não morreu.
L. C