É no silêncio, no profundo sossego
Que falo mesmo calada
Que entendo mesmo não escutando
Que faço apesar de não ter feito nada
É no silêncio, no completo sereno
Que vejo aquilo que os olhos não podem
Que sinto sem usar os sentidos
Que percebo ainda que distraído
É no silêncio, no aconchego do abraço
Que algo muda sem sair do lugar
Que sou alguém mesmo não sendo
Que ocupo o lugar que nunca alcancei
É no silêncio, no soar dos ponteiros
Que tudo ao redor para, mesmo sem parar
Que corro pra longe mesmo amarrado
Que fujo de algo que nunca correu atrás mim
É no silêncio, no assobiar dos pássaros
Que fico em pedaços, ainda que inteiro
Que me prendo mesmo vivendo a liberdade
Que subestimo o que eu tanto desprezo