PoeTais

Silenciei-me

É no silêncio, no profundo sossego 
Que falo mesmo calada 
Que entendo mesmo não escutando 
Que faço apesar de não ter feito nada 

É no silêncio, no completo sereno 
Que vejo aquilo que os olhos não podem
Que sinto sem usar os sentidos 
Que percebo ainda que distraído 

É no silêncio, no aconchego do abraço 
Que algo muda sem sair do lugar
Que sou alguém mesmo não sendo 
Que ocupo o lugar que nunca alcancei

É no silêncio, no soar dos ponteiros 
Que tudo ao redor para, mesmo sem parar 
Que corro pra longe mesmo amarrado 
Que fujo de algo que nunca correu atrás mim 

É no silêncio, no assobiar dos pássaros 
Que fico em pedaços, ainda que inteiro 
Que me prendo mesmo vivendo a liberdade
Que subestimo o que eu tanto desprezo