Lho Cesar

Mortalidade Imbecil

 

Toda noite morre um poeta

De inanição

De letargia 

De baladas perdidas

assassinado

por  suas certezas incertas 

 

Morrem condenados à força

Para sufocar o silêncio não dito

Na cadeira elétrica onde se chocam os sentidos

Na guilhotina a fim de perder de fato a cabeça

Na solitária para que solitário se reconheça

 

De tétano pisando em sentimentos enferrujados

De hipotermia no relento das frias madrugadas

Engasgados pelas palavras de amor não exclamadas

Fulminados pelo infarto do seu enorme miocárdio

 

Toda noite morre um poeta

Morre pelo que não disse

E também pelo que deixou escrito

Morre em carne e osso

de amor,  ironia e espírito

 

Sem eira nem beira morre o poeta

Nas ruas ou em casa

Nos bares e nas festas

Às vezes morre  até sem ter vivido

E continua a morrer todos os dias e noites

Num suicídio assistido

Escrevendo imortalidades

Para depois derradeiro  final

Permaner

Imortal