A vez não tem
hora
e quando chega,
pode ser a sua.
Foi assim a vida toda:
ela, de blusa de cachemira
vermelha,
-veludo carmim - ,
sedosa,pura, cheirosa,
eivando o espírito mais
simples,
transcendendo a
própria imortalidade.
Mas teve a vez:
o perfume se foi
como voam àsperos,
do frio, as andorras.
O cheiro se transformou
em âmago de nogueiras,
em córrego passageiro.
Mas teve a vez,
o corpo
que não era dela,
nem de mim próprio,
meu, sem dono,
se foi com o tempo.
Agora com o
jardim já seco
batido pelo sol,
meado de fome,
tem a luz que sufoca
as plantas róseas mal vestidas,
e árvores quase secas.
E assim se foi.
A imortalidade tem um nome
bem comum,
que poucos ousam falar.
Tem nome de ontem
e de hoje a de amanhã.
Onde
cada dia,
vive dentro do minuto,
mas que sufoca
a respiração da gente.
E dissemos adeus
no típico aceno
para o porto vazio.
E saudade tem nome,
é levedura
do ventre escorrrido.
Com lágrimas do algoz
cavalheiro ,
que agora só, é pedra,
é rocha desesperada
e fugaz.