Eu vejo todo mundo, mas ninguém me vê.
Todos os dias olham diretamente para mim, e tudo o que vêm são a si mesmos.
Todos os dias me usam para se admirar, desabafar e até mesmo descontar suas frustações.
Todos os dias são iguais, eu estou ali, presa e parada no mesmo lugar, e todos os dias me usam apenas para o seu ego, seu egoísmo, seu reflexo.
E eu fico na esperança de alguém passar por mim, e conseguir ver além de si mesmo, e perceber que eu estou ali, desgastada e solitária.
Na esperança de ser um pouco cuidada por alguma mão carinhosa que limpe um pouco das minhas manchas.
Mas meus dias são sempre iguais, sempre recebendo o reflexo dos outros na esperança de enxergarem o meu.
Só o que me resta é esperar pelo dia em que eu caie no chão e fique em mil pedacinhos tão pequenininhos, dos quais serão impossível juntar os pedaços e remendar tudo outra vez.