Tempo do tempo arguto,
que me leva às águas claras
de um lago que já foi tudo
onde até rosa-marinho dava.
Tempo dos presentes, dos vivos,
tempo que andavam no coração e nos
campos de flores ricas,
tempo que me diziam: me dê um abraço
que eu te dou um beijo
e canto uma canção.
Tempo dos tempos,sem idas,
com deuses de argamassa,
que se enfiezeram,
pelo campo árido,
vazio e sem vida, sem encanto.
Hoje, se quiser vê-los
tenho a permissão da alça de porteiro,
onde até
sou meio dono.
É só chavear a porta, sem medo,
e abrir os portões,
e a paz do campo santo vesgueiro
surge no de repente,
e a gente pulsa de tristeza
ao ver lá
dormirem,
coberto por vergões,
o feto, a vida, a morte
de nossa falsa eternidade,
pois eu carrego a alça
e você o corpo.