Gustavo Cunha

Reflexões a respeito do tempo

Caí do céu uma chuva fina e delgada...
 
O dia cinzento antecipa as primícias do inverno que já se aproxima.
 
Através da bruma densa e compacta, alva como os dentes castos dum mouro,
 
A cidade desaparece num silêncio orgânico; que de tão profundo, brilha.
 
Por detrás desta janela,
 
Cuja a cortina é imutável, 
 
O tempo se esvai em solidões fortuitas...
 
E pela primeira vez reparo que sem mim não há tempo,
 
Porque é no meu movimento que o tempo se faz,
 
E sem o ocorrer de tal movimento,
 
O tempo não é senão mais nada,
 
 Salvo ser o próprio tempo.