Caí do céu uma chuva fina e delgada...
O dia cinzento antecipa as primícias do inverno que já se aproxima.
Através da bruma densa e compacta, alva como os dentes castos dum mouro,
A cidade desaparece num silêncio orgânico; que de tão profundo, brilha.
Por detrás desta janela,
Cuja a cortina é imutável,
O tempo se esvai em solidões fortuitas...
E pela primeira vez reparo que sem mim não há tempo,
Porque é no meu movimento que o tempo se faz,
E sem o ocorrer de tal movimento,
O tempo não é senão mais nada,
Salvo ser o próprio tempo.