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Cruz e Araujo

Inimigos públicos

Somos inimigos,

Eu e o coração.

Não suportamos um ao outro.

Convivemos juntos

Eu preciso dele,

Ele não precisa de mim.

É mais uma parte da engrenagem que movimenta meu corpo.

Coração glutão.

Quer todos os sentimentos que engulo

E vomita todas as razões pela artéria, onde era somente para o sangue ser circulante.

Mas quem andarilha no meu corpo é a necessidade de ser amado.

E ficamos nesse impasse,

Eu aqui em cima e ele embaixo.

Apostamos quem vai parar primeiro nas mãos do destino,

A majestosa sapiência ou 

A infrutífera emoção.