Gustavo Cunha
Misteriosamente vastidão
Canarinho canta na janela.
Afugentando a solidão.
Ah, canarinho... Só tu bem sabes como ninguém alegrar o meu pobre coração.
Canta, canta passarinho,
Que o teu canto é libertação.
Das agruras deste dia
E das lamúrias da estação.
As horas aladas desta vida,
Carregaram-na para longe...
Para um mundo tão distante,
Onde a dor é vaga, mas excruciante.
Sem ela, agora, aqui, nada mais é como era dantes.
No fim, resta-me apenas, tu, ó canarinho
E a constante percepção,
De que tudo nesta vida,
Misteriosamente é vastidão.