Gustavo Cunha

A tarde

A tarde se me revela mais bela
 
E, ainda que não possa eu a compreender 
 
Do longínquo horizonte que a janela me limita,
 
Não a deixo de sentir, assim, escarlate.
 
Enquanto dura esta hora,
 
Embebo-me vagamente
 
Na volúpia do que ora relembro.
 
Regresso ou espero? Não sei…
 
Cheguei à janela
 
E me pergunto o que viví:
 
Fui claro, fui real, certamente.
 
E amo tudo o que foi.
 
Porque a tarde é bela
 
Excessivamente, adoravelmente bela.