Sonho doce,
sem raiz,
sonho de sonhar
sem aniz.
Roço o céu de sua pele,
misto o absurdo com o feliz,
o princípio que não teve fim,
o princípio sem resmas,
que nunca vai começar,
que nunca vai acabar, pois
tudo em mim já partiu,
tudo em mim é igual
ao pobre perdiz
sem vôo.
Coisa da coisa
que faz outra,
mas não faz o dengo,
pois o tempo é lento,
e foram criadas no templo
dos senões.
Faz dengo de amor e alenta
para folhagens sem ramos,
absurda meu sonho desatento.
Senão eu vou; senão eu volto,
me rasgo, suspiro o doce,
vago aroma
que flerta com o ar,
romano.
O sol com nuvens
tão brancas como sua face,
que simplica a vida e de
mim só roça e purifica.
Pásaros coleiros que deixam
no ar, rastros de verão,
e me empurram lá prá longe
onde o sonho começa
e você acorda sem corpos de
ninguém.
E, no ar, só aroma de ameixas!
E mãos de deixar.
Agora,só o simples
de seu corpo passou
aqui;
só o mestra de sua vida,
me roçou lenta e amável,
nesta noite que agora começa,
e só para o sol tem
hora prá acabar.
Verde anil de seus olhos,
entrevero de minha alma,
corpo do mundo que nunca vou ter,
lábios sem beijos, que vou sonhar,
vida de duas pátrias
que um dia,só vou lembrar!