Vlad Paganini

\'AVESSO\'

AVESSO

 

Já fui menino do subúrbio

Dançarino, duende e bruxo

Já naveguei nas águas do Nilo

Já fui mundano, escravo, mercador e mendigo  

Carregando um pouco de cada pouco do que vivi

Do avesso guardei um pouquinho comigo

 

Já fui gladiador, profeta e bobo da corte

Astrônomo, sacerdote e mágico

Querubim e artista trágico

 

Já fui guardião, alquimista, mercador e escravo

Duende, índio e cacique

Homem e mulher

Rosa, cravo e botão

Plantei grandes jardins 

Arranhei céus e mares

Cascatas, cachoeiras e pomares

 

Já fui pássaro, passarinho

Pedrinha de rio e conchinha

Atravessei o mar mediterrâneo

Já fui peixe, algas e caramujos

Rompi rios e desertos do sem fim...

 

Hoje me entrego do avesso em meus versos

Me dispo e me mostro ao mundo

Tudo que vivi em tempos de outrora

E com saudades de tudo 

Relato e ofereço em toda minha nudez e de peito aberto:

O Poeta que sou agora!

 

Vlad Paganini

 

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