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Carlos Lucena

BENDITA A NAÇÃO CUJO DEUS É O SENHOR

BENDITA A NAÇÃO CUJO DEUS É O SENHOR

Bendita seja a nação cujo Deus é o Senhor
E o império da fome reina em um mar de dor.
Bendita seja a nação cujo Deus é o senhor
E a exclusão está na praça, na vida
Na infância mutilada 
e perdida.
Bendita seja a nação 
cujo Deus é o Senhor
Mas se pega em arma, 
se faz guerra e pode até matar em nome amor!
Bendita seja a nação 
cujo Deus é o Senhor 
Onde se vive a exclusão
Porque não há outro jeito
Corta - se o mau pela raiz 
Instituindo o preconceito!
Bendita seja a nação 
cujo Deus é o Senhor!
Onde se vive 
sem a ciência
Arma é consciência
Mentir é decência
E o erro é o que 
salva o amor.
Bendita seja a nação 
cujo Deus é o Senhor!
Onde xenofobia é saúde, misogenia é  virtude
tudo e o todo é igual 
Mas tudo que se vê 
 amiúde
É o preconceito estrutural !
Bendita seja a nação 
cujo Deus é o Senhor
Onde alguém esconde 
o que é
A boca fala 
do que o coração 
está cheio
Mas não está cheio de fé
Porque o ódio vem a esteio
Disparado e sem freio
E o amor a pé!
Bendita seja a nação 
cujo Deus é o Senhor!
E na mesa 
ao repartir o pão
Não há como lembrar 
Que lá fora está o irmão 
Com fome, sem roupa, sem  teto pra morar...
Maldito seja esse amor
Esse amor 
sem compaixão 
Maldita seja essa fé
Que julga e faz exclusão.
Que é do jeito 
que você quer 
Pois esse Deus, 
esse Senhor 
que mais parece clichê
Não é princípio de amor
Nada faz nada, nada sente
nada ver
Não cura doença nem dor
Porque é um  Deus fabricado por você!