BENDITA A NAÇÃO CUJO DEUS É O SENHOR
Bendita seja a nação cujo Deus é o Senhor
E o império da fome reina em um mar de dor.
Bendita seja a nação cujo Deus é o senhor
E a exclusão está na praça, na vida
Na infância mutilada
e perdida.
Bendita seja a nação
cujo Deus é o Senhor
Mas se pega em arma,
se faz guerra e pode até matar em nome amor!
Bendita seja a nação
cujo Deus é o Senhor
Onde se vive a exclusão
Porque não há outro jeito
Corta - se o mau pela raiz
Instituindo o preconceito!
Bendita seja a nação
cujo Deus é o Senhor!
Onde se vive
sem a ciência
Arma é consciência
Mentir é decência
E o erro é o que
salva o amor.
Bendita seja a nação
cujo Deus é o Senhor!
Onde xenofobia é saúde, misogenia é virtude
tudo e o todo é igual
Mas tudo que se vê
amiúde
É o preconceito estrutural !
Bendita seja a nação
cujo Deus é o Senhor
Onde alguém esconde
o que é
A boca fala
do que o coração
está cheio
Mas não está cheio de fé
Porque o ódio vem a esteio
Disparado e sem freio
E o amor a pé!
Bendita seja a nação
cujo Deus é o Senhor!
E na mesa
ao repartir o pão
Não há como lembrar
Que lá fora está o irmão
Com fome, sem roupa, sem teto pra morar...
Maldito seja esse amor
Esse amor
sem compaixão
Maldita seja essa fé
Que julga e faz exclusão.
Que é do jeito
que você quer
Pois esse Deus,
esse Senhor
que mais parece clichê
Não é princípio de amor
Nada faz nada, nada sente
nada ver
Não cura doença nem dor
Porque é um Deus fabricado por você!