Isabela Fenix

Demônios

Ela engoliu em seco
E olhou em seus olhos
Seus olhos escuros tinham o poder de fazê-la viajar
Oh, seus olhos escuros
Seu cheiro
Seu gosto
Bebida dos deuses

Olhando para o quarto escuro
Neste quarto
Estou, neste quarto escuro

Não me diga que acabou! 
Não, não, não! 
Nada acabou! 

E estou, neste quarto escuro
Mais uma vez

Esse escuro me oprime
Não consigo ver meus passos
Caminhando aos tropeços
Cheia de contusões
Cortes
E cortes
Caminhando no escuro
Tateando e ansiando 
Por uma luz
Mas, esse feixo, não vejo
Corajosamente toco na maçaneta
Oh, estou sem as chaves
Você o levou! 

Me encontrando sozinha
Outra vez mais

Dançando sozinha com meus demônios

Me abraço
Tentando juntar os pedaços
Mas
Um coração partido jamais voltará a ser inteiro. 

Você soltou a minha mão

E sozinha novamente sigo enfrentando meus demônios

Até quando? 
Sozinha outra vez. 

Giro
Grito
No vazio
No vazio, deste quarto escuro. 

Procuro
E procuro uma lasca de luz

Entre as brechas
Mas, não há uma mísera brecha! 

Na solidão

Me deito
Me deito
No leito
Está tão molhado
Oh, coberta por meu próprio vômito. 
Oh! 
Os lençóis desta cama estão cheios de vômito e emaranhados, e com a pele úmida
É outro pesadelo
Outra vez mais

Lutando constantemente
Sem misericórdia
Ela luta diariamente
Lutando contra seus demônios imaginários

Sua mente está um caco

Lutando contra esses pesadelos

Dentro de sua cabeça há demônios

Que sussurram

E a deixam louca

Na beira do precipício 

Oh, é sobre pular do precipício. 

Está tudo bem
Tudo bem

Aqui na sala escura, ela se encontra sem suas máscaras
Só receios

Sua mente
Em sua mente
Sua mente lhe pregando peças
Outra vez mais

Horrores
Que só sua mente pode lhe proporcionar. 

Insondável
Inexplicável, como a mente humana pode pregar peças
Tão reais
Tão reais

Esses demônios são tão reais.

Oh, estou sufocando com meu próprio vômito

E ela sucumbiu
No melhor estilo coberta por seu próprio vômito.