Olha o trem carregado deslizando sobre os trilhos levando a vida e o sonho, o fado e o progresso, para outros longínquos e lívidos torrões; ouvindo as letras das canções dos poetas e andarilhos, enquanto espera que o seu amor venha de regresso riscando os esboços de nuvens que faz com os seus borrões. Postado de esguelha para a pacata e bela estação que também carrega a sua mais lívida quimera, numa amável viagem por dentro do pensamento; ao passo que pinta o céu da inata inspiração com as flores típicas e naturais da primavera que enfeitam o horto do seu ávido sentimento. Pelo correr da manhã amena e tranquila, com os raios solares vívidos e amarelos que banham os corpos das casas antigas do vilarejo; por esse pedaço de terra de areia e argila que constrói e reconstrói os romanos castelos com todo o avivamento do seu simples desejo... Enquanto pensa em escrever um punhado de versos para deixar registrado tudo o que sente no papel e alimentar a fonte de água límpida do seu regato; para ajuntar todos os caminhos estreitos e dispersos no bojo esplendoroso e invisível do pequeno tonel que preenche às linhas finas do seu espelhado retrato.