Fui morar, de remorço,
Na casa alheia,
Perto da praia de Castelha.
E daquele dia em diante,
Voraz e atiço, passei a construir
Muros e paredes de areia, mas
Que lá no dourado do sol,
Durava uma maré.
Fui chamado, já velho,
De rei da areia,
Construtor ocupado
De paredes e muros
De areia e conchas.
E por lá fiquei.
De sol em sol, mais
Envelheci.
Até que um dia,
- e um rubor me toma -
morri coberto de areia
junto com meus Vinte Muros
e Vinte Paredes,
que a sábia maré
fez por bem levar,
Lenta e sóbria,
como o pai carrega
O filho.
Como a lembrança
carrega a vida.
Mas onde estão?
Absortos nos sonhos,
De meus Vinte Muros
e Vinte Paredes?