Gustavo Cunha
Poema arboral
A árvorezinha balança...
Tremula em meio as lufadas impetuosas do vento;
Tal qual uma bandeira, ela brande.
Toda agitada,
Irriquieta-se.
Esforça-se a fim de não ceder,
Sozinha no campo,
A pobrezinha...
Talvez calmamente à espera do momento do viscejo.
Entretanto, o outono,
Improfícua temporada,
Com a sua potência dezarrazoada,
Teima em a impedir.
A árvorezinha, então, na sua imobilidade ínscia,
De natureza de árvore, altiva,
Com seus altos ramos frondosos,
Roga gentilmente ao vento:
\"Mais paciência, filho Eólico!
Afinal, este mesmo tempo que te trouxeste,
A soprar solenemente as minhas folhas,
A ferir tão desalmadamente as minhas raízes,
É o mesmo tempo que, infalível, te levarás embora.\"