Jose Kappel

Amor de Artemis

 

 

Amor de ensaio,
amor sem ordens,
sem plantão,
só de soslaio.

 

Amor de passar
dentro da vida,
à procura
de estrelas
de pedras
que só herdam
cascalho sem valia.

 

Vivo de feliz
apreciando
pardais  voando
num céu muito azul,
assim, ao cimo de pontes
e argamassas, onde
você só  viaja 
pra praia de raias
e eu viajo logo
pra terra de Artemis.

 

Mas não consegue passar:
vira ontem, vira hoje,
é tudo cisma igual,
e ela caminha lá pro fim !

 

Sou rei dos iguais

que
tem lá suas presenças,
mas, no fundo, bem perto

do 
amorfo casco do baú.


Só vive sobrevive os conflitos

dos ganhadores !

 

E digo que 
tento:
mas o mundo tornou-se sem cor,
onde a ordem maior é a flecha,
adornada de pura pólvora,
e a vida virou barroco, 
sem frutas, onde
tudo caminha muito lento!

 

Me arvo de floretes, onde
pobres guerreiro
não sabem
que guerra é essa,
onde o vencedor
é derrotado e nunca amado,
e o perdedor também
é o sonhador de todas
as vitórias e

também sofre

por nunca ser amado !

 

E todo chegam ao condado
onde festejam a derrota
com vinho árido
dos vencedores.

 

E tudo vira alado
onde nada faz sentido,
onde até as flores,
se banham de vinho,
para os idos
e apanágio
dos feridos.