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Gustavo Cunha

Inverno d\'alma

A paisagem se estende infinitamente pelo horizonte;
 
Seca e agreste.
 
Num amarelo bucólico e lugente que devora insaciável a esperança árida e infecunda.
 
Dentre as árvores estéreis,
 
O eflúvio que exala do ar glacial é acre e sufoca-se a si mesmo diante das vicissitudes da hora.
 
Os olhos, monos, pálidos e ocos, denunciam o limiar da exaustão iminente.
 
Os versos esfriaram,
 
As rimas já não flamejam mais, 
 
A poesia enveredou-se pr\'outros mundos.
 
Talvez em busca de mãos mais cálidas.
 
O que fica é a saudade.
 
Qual num vaso vazio.
 
A terra negra.
 
O solo frio.
 
Onde se plantam flores mortas que se desfazem com o pensamento.