Gustavo Cunha

Um poema é como uma casa

Um poema é como uma casa,
 
construída, tijolo a tijolo, as palavras.
 
As rimas, a argamassa que conecta uma idéia a um sentimento.
 
As mãos, tais quais as de um artesão, imprimem no papel, delicadamente,
 
As idiossincrasias que abastecem almas desalentadas de alguma esperança ainda inespecífica,
 
impelem a eclosão de emoções.
 
As pilastras sustentam a vida que está por vir.
 
As paredes unem, não separam.
 
O teto liberta, não oprime.
 
No jardim, as flores da estação inspiram o surgimento da apetecida calmaria matinal.
 
E assim, a casa vai sendo erguida, pouco a pouco.
(Com uma certa dificuldade, é verdade)
 
Um poema deveria ser como uma casa:
 
Real,
 
Sólido,
 
Substancial,
 
Tenro.
 
Morada eterna de olhos que encerram mistérios celestiais.