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Arcanjo

A moça e o vilão

Como poderia eu,

 

uma simples moça sem vivência,

 

cogitar que tu mentias tão naturalmente olhando nos meus olhos,

 

janelas das quais outrora tu viste a minha alma,

 

e contemplava a beleza da melancolia

 

que eles marejados exprimiam?!

 

Como poderia eu, tão ingênua,

 

conjecturar que a boca que sussurrava palavras açucaradas,

 

expelia, igualmente, inverdades tão amargas quanto o benzoato de denatônio,

 

presente na bateria do controle remoto

 

que ligava o rádio do carro,

 

donde outrora,

 

tocava Vienna de Billy Joel,

 

canção a qual confiei aos teus ouvidos desacertadamente?!

 

Ora,

 

Não havia razões para duvidar, sendo teus olhos e boca convincentes e hábeis na arte da farsa.

 

Pois,

 

Não havia como pressupor, visto que eu era somente uma moça tola, e tu um vilão!