Não me lembro bem onde a vi primeiro
Recordo-me, no entanto, como foi o sentimento
Um grito preso na garganta, um murmúrio sofrimento
Pois no peito acalentava a certeza do amor verdadeiro
Admirava-te de longe querendo possuir-te um dia
Eras dele, eras dela, mas nunca, nunca minha
Te vi ingênua e atrevida, em outros lábios, entre outros dedos
Inocente qual criança, sacana como o medo
Descobri que sempre fostes em meus olhos a verdade
Desisti de conquistar-te ou fazer-te somente minha
Posto que és musa iníqua e sacra, entidade, sereia e ninfa
Dos escritores, és a letra, dos regentes, a batuta
Onipresente e abstrata, como do mar a maresia
Sempre serás amor verdadeiro, és minha amada poesia.