Samuel SanCastro

Amor verdadeiro

Não me lembro bem onde a vi primeiro

 

Recordo-me, no entanto, como foi o sentimento

 

Um grito preso na garganta, um murmúrio sofrimento

 

Pois no peito acalentava a certeza do amor verdadeiro

 

 

Admirava-te de longe querendo possuir-te um dia

 

Eras dele, eras dela, mas nunca, nunca minha

 

Te vi ingênua e atrevida, em outros lábios, entre outros dedos

 

Inocente qual criança, sacana como o medo

 

 

Descobri que sempre fostes em meus olhos a verdade

 

Desisti de conquistar-te ou fazer-te somente minha

 

Posto que és musa iníqua e sacra, entidade, sereia e ninfa

 

 

Dos escritores, és a letra, dos regentes, a batuta

 

Onipresente e abstrata, como do mar a maresia

 

Sempre serás amor verdadeiro, és minha amada poesia.