Carlos Lucena

ÚLTIMO ATO

ÚLTIMO ATO

A cortina fecha
E o silêncio
É interrompido 
pelo silêncio.
O aplauso perdeu-se 
no choro
E a última luz se apaga
Uma nota  longa  
De um clarim 
É acorde de 
um ato no fim.
É um ato no fim
É o fim do último ato.
É um grito!
É um rito!
É o drama 
Em coma
Insensível
Irreversível.
É a canção sem corpo
Só com a voz, enfim.
É uma lágrima 
No mar de um rosto.
Não é uma pausa
É uma causa
É um corpo em riste
Posto em desgosto 
E o riso é deposto.
É como nuvem que vaga
Em um Céu de escândalos
E estranhos sândalos.
E agora?  É esperar os vândalos
Que do corpo 
tirarão seu pão.
Aí ficarei  de fato
No último ato
encerrando o trato!