Jose Kappel

A Taça e o Vinho

Hoje comprei duas estrelas,
uma, de par constante,
outra, de chinelas,
vagueavam em redor de si
mesma, à procura de magia de crianças.

 

Todas falavam às estrelas,
e das mulheres avulsas,
todas vestiam alto,
e tinham lábios sedados
por saudades.


Rodeada de flores pareciam
encantadas.

 

E trocavam conversas miúdas.


Ao tilintar de taças,
logo no início da primavera,

eu vivia dentro nada,

até encontrar a deusa

de palácios,

mas eram argamassas

de tijolos.

 

Pelo menos agora sei: agora tenho
a taça e o vinho e a água
fluindo de meus lábios,

uma mulher cheia

de labirintos.


E, no final

veio a luz, 

e entre flores e luzes

a minha mulher Tícia e,
por ela, mais estrelas comprava !