Arlindo Nogueira

MAR DO AMOR

Ao fitar as águas daquele mar

Via-se pássaros fazendo ronda

Em voos rasantes num deslizar

Qual surf clássico pelas ondas

Há monções para o continente

Que faz tiritar o espelho d’água

Contexto poético vida distante

Fugidio amante de sua mágoa

 

Linda gaivota que passa voando

Cantando feliz o mundo das aves

Vejo nas águas ela mergulhando

Pelo remanso da âncora da nave

O mar é imenso dum azul infinito

E fatiga o olhar num furtar de cor

Ao tecer a onda num lânguido fito

Retina embebida no mar do amor

 

Ando nos corais meu porto seguro

Onde a vida palpita tipos de calma

Do lado de lá tudo é muito escuro

A luz é preciso no acalento da alma

Vejo o bailar, cintilar dos golfinhos

Vão saltitando ondas na imensidão

Grandes cardumes fazem caminhos

Enquanto eu sozinho curto a solidão

 

Lagrimas discretas lavinas no rosto

Imergir de desgosto dum desencanto

Segredado pranto salobro no gosto

O mar do amor é bravio em garanto

Eu me sito pirata em barco remador

Nas dunas sem flor andando na areia

Na beira do mar eu procuro um amor

Que haja o encanto do canto da sereia