Wesley

segunda-feira à noite

Jovem demais para a grandeza dos seus sonhos

Preso a um passado que o impedia de ser livre

As madrugadas o servia como um abrigo de seus pensamentos tortuosos

Sua alma ansiava pela liberdade, pela autonomia

Não se recordava mais do seu tempo de paz

O ensinaram desde cedo a odiar a si mesmo

E até agora não se perdoou por isso

Então chora e cospe essas palavras

Como se buscasse oxigênio para os seus pulmões

Mas apenas encontrou insanidade num pouco de tinta azul e papel em branco

A ansiedade grita em seu peito o despindo de si mesmo

Alguns pássaros perdidos nunca encontram o caminho de volta para casa

Se é que algum dia tiveram uma para si

Alguns só conseguem olhar para onde as outras aves voam

Mas nunca conseguem olhar para o seu próprio reflexo no lago cinza

E novamente, tudo vai se cobrindo por uma neblina agridoce chamada de vida

Saudosa cicatriz que a terra a de comer

Seu sangue e suor tem banhado os filhos da mesma

Pobres vermes estúpidos que defecam em seu próprio alimento

Vendem e queimam seus filhos para acenderem seus charutos caros

Eu cuspo na terra e amaldiçoo os seus nomes

Malditos sejam! Malditos sejam!

No meu pulso o tempo corre sem aviso

Meu copo sente o nosso fim chegando

Com um leve beijo me despeço dele.

(O copo vazio toca a mesa fria, iluminada pela luz fraca do salão, acompanhado por algumas moedas, e vê o rapaz se afastando, guardando um pequeno pedaço de papel e uma caneta azul no bolso direito do agasalho e em seguida acendendo um cigarro, partindo na escuridão da noite.)