Jovem demais para a grandeza dos seus sonhos
Preso a um passado que o impedia de ser livre
As madrugadas o servia como um abrigo de seus pensamentos tortuosos
Sua alma ansiava pela liberdade, pela autonomia
Não se recordava mais do seu tempo de paz
O ensinaram desde cedo a odiar a si mesmo
E até agora não se perdoou por isso
Então chora e cospe essas palavras
Como se buscasse oxigênio para os seus pulmões
Mas apenas encontrou insanidade num pouco de tinta azul e papel em branco
A ansiedade grita em seu peito o despindo de si mesmo
Alguns pássaros perdidos nunca encontram o caminho de volta para casa
Se é que algum dia tiveram uma para si
Alguns só conseguem olhar para onde as outras aves voam
Mas nunca conseguem olhar para o seu próprio reflexo no lago cinza
E novamente, tudo vai se cobrindo por uma neblina agridoce chamada de vida
Saudosa cicatriz que a terra a de comer
Seu sangue e suor tem banhado os filhos da mesma
Pobres vermes estúpidos que defecam em seu próprio alimento
Vendem e queimam seus filhos para acenderem seus charutos caros
Eu cuspo na terra e amaldiçoo os seus nomes
Malditos sejam! Malditos sejam!
No meu pulso o tempo corre sem aviso
Meu copo sente o nosso fim chegando
Com um leve beijo me despeço dele.
(O copo vazio toca a mesa fria, iluminada pela luz fraca do salão, acompanhado por algumas moedas, e vê o rapaz se afastando, guardando um pequeno pedaço de papel e uma caneta azul no bolso direito do agasalho e em seguida acendendo um cigarro, partindo na escuridão da noite.)