Não sei precisamente onde estava, havia várias pessoas num ambiente carregado e semiescuro, homens com homens, mulheres com mulheres, eles conversavam e acariciavam-se. O que eu fazia naquele lugar eu não sei, estava sentado em uma mesa lendo um livro, talvez estivesse esperando alguém, também não sei.

Levantei e fiquei observando aquelas pessoas desconhecidas que nem me reparavam, seria eu um fantasma de mim mesmo? Resolvi sair daquele ambiente carregado de orgia e pecado. Percebo que poderia ser assaltado a qualquer momento ou coisa deste tipo, visto a quantidade de pessoas correndo ao meu lado e mal-encaradas.

Avistei um pelotão policial com uns dez policiais, de repente um rapaz deu um tapa na cara de um policial baixinho, a confusão é estabelecida na minha frente, outro homem enorme estava sendo agora imobilizado no chão, por pelos menos três policiais.

Vários tiros foram deflagados, eu no meio não sabia se ia, ficava, ou voltava, corri junto a várias pessoas gritando enlouquecidas, crianças, mulheres, vi um homem negro receber um tiro nas costas e o sangue espirar pelo buraco da bala junto a esposa que o amparava.

Corri desesperado, me abaixava para me proteger das balas de todo lado, entrei no primeiro beco que encontrei, olhei para cima e avistava a chuva de balas passarem rente a minha cabeça, eu me protegia com o livro.

Acordei um pouco tenso e agradeci a Deus por ser apenas um sonho.

Um sonho que retrata a nossa realidade, o medo, a vulnerabilidade, a nossa visível insignificância.

Não sei que livro segurava, quem sabe, teria sido uma Bíblia.