Marca do tempo caminho da vida
Estrada puída de rastros descalços
As águas de março lavina no chão
Os fitos distantes do berço sonhado
Um navio negreiro de porão lotado
Espaço palmilhado pela escravidão.
Roçando nas matas a pele morena
Tudo se apequena nas cenas de dor
Descrença da cor e daquilo que fez
A fronte reclinada olhando no chão
Humilde coração sozinho no mundo
Mistério profundo sonhando talvez!
Sol avermelhado ao redor do monte
Murmúrio da fonte da água da pedra
Correndo na queda do penhasco bravo
Construindo o cenário daquela senzala
Que escondia a mala cheia de sonhos
Das mucamas e mocambos escravos
As lembranças palpitam um triste vazio
Tempo sombrio que manchou o destino
De um povo com tino no chão varonil
Onde os donos hostis viviam no escuro
Construíram muros e fizeram tesouros
De suor e choro dos escravos no Brasil
A história embala um silêncio amargo
Com gosto do trago do chá de sassafrás
Que o Brasil nunca mais seja esse cravo
E o gênio que habita a alma dos homens
Reconstrua os nomes esqueça o passado
E em nosso estado nunca mais escravos