Manoela

Desconexo


Quem dera eu
Se em todas as vezes
os meus pensamentos
Seguissem os desejos
E tomassem as formas
Que eu imagino
Desenhadas no papel


Se em todos os momentos
Esses pensamentos
Simplesmente fluíssem
E com o vento partissem
de um jeito leve
Tirando do peito
o sufoco que sinto

 

Quem dera eu
Se as letras garrafais
Substituíssem os berros
Se os pontos finais
Encerrassem o tempo
Na vida real

 

Quem dera eu
Se em todas as vezes
Eu me deixasse levar
Sem pensar no sentido
De cada palavra
Ou no contexto
Dentro do que chamo
De um desabafo

 

Quem dera eu
Como neste instante
Escrever sem propósito
Sem qualquer estética
Ou me preocupar com as flexões

 

Quem dera eu
Se for sempre assim
Ao menos conseguirei
Ser um pouco mais eu
E menos daquilo
Que penso que querem
Ou que esperam de mim