TEMPOS
Naquele tempo...tempo bom...
Nem parava para pensar,
era muito o que fazer.
Trabalhos e alegrias,
deveres e lazeres
se entrançavam,
formando tapete grosso.
Cores vivas, misturadas,
em fundo ocre.
Eram o meu chão. Firme.
Perdi o chão.
Foram-se trabalhos,
rareiam alegrias.
O dia inteiro
tento ocupar meu tempo,
que sobra por todos os lados,
e me atrapalha
como roupa grande demais.
Á noite, na casa vazia,
no quarto vazio,
soam estalos, deslizam sombras.
As horas correm longas,
deixando um rasto gosmento
de sustos e pesadelos,
na frialdade dos lençóis.
A noite é escura
e o futuro...
Escuro...Escuro...