Jose Kappel

O Vôo e a Flecha

vi uma ave voar
vi uma ave
de plaino
azul
bordeando o céu.

lá na casca,
lá no antro
do mundo,
onde o sol
custa a nascer
e a lua vem
em pranto.

lá longe
onde morrem
amores,
lá onde não
existem
pontes.

lá,
onde
moram
somente
rumores
dos falidos
de dor.

lá onde,
em sofreguidão,
os homens
morrem cedo
e a solidão
nasce logo,
prateada,
mas encerada
de sós.

 

lá onde homens solitários

flecham os céus

com um falso poder !

vi uma ave voar
vi uma ave voar...
e depois, zoada,
a vi morrer!

 

Atordoada pela dor

da ferida.

ela rompeu de queda,

o céu azul,

para felicidade dos

homens

argutos

que matam

por alegria,

em nome de uma glória,

que acaba não sendo

glória,

mas argamassa

dos infelizes.