O Vento
Como culpar o vento pela desordem feita, se fui eu que deixei a janela aberta? Porém na hora de arrumar a bagunça, poderemos encontrar algo útil, escondido ou perdido, empoeirado entre os destroços, que não estávamos dando o merecido valor e atenção.
Talvez por estar tudo arrumado, tudo em seus cantos, nos seus lugares, porém invisíveis aos olhos do dono mais não aos olhos alheios que, em geral, são mais críticos, oportunos e ambiciosos.
Por esta razão, algumas vezes precisaremos desarrumar tudo nós mesmos, sem a interferência providencial do vento e arrumaremos tudo de novo com calma, separando as coisas ruins e jogando tudo que não é mais necessário fora, doar, emprestar, deixar ir… Sim, deixar ir.
Penso que também vale para os nossos sentimentos, amizade, amores, paixões… Como seria boa uma bela ventania da nossa parte, deixando a nossa janela aberta, para sacudir a árvore do egoísmo pegajoso, liberando o supérfluo, o sem solução, o sem jeito, assim feito eles talvez, tenha melhor serventia e utilidade em outras mãos.
Não escondidos nas folhas secas do \" É Meu\", do orgulho exagerado e da cega possessão, se estragando por falta de cuidados e carinhos de mãos delicadas e palavras doces, preso ao tratamento na mesmice costumeira, também nos deixando livres para descobrimos talvez novos sentimentos e apegos, novos horizontes.
Livre do comodismo, do engano sentimental e a velha zona de conforto.
Isto chamo de desapego e não perda.
Roberto Ornelas