Jonhmaker

Para o Arcanjo ...

 

No alto me debruço sobre o meu apartamento,

O pequeno espaço contido do meu tempo,

Uma cela,

a parede crescente na tela do meu pensamento interior,

Uma flor de puro intelecto,

uma mentira, minha ilusão.

 

Acima do chão,

as paredes de concreto me sustentam, Onde vou?

Não tenho saída,

A penumbra do corredor esconde as horas,

Tenho o sentimento de que o dia não existe,

de que é apenas um momento triste

perdido no lance de escadas,  ou na divisória,

incrustada pelas numerações de cada andar,

Temendo os gritos

Soltos no tormento mecânico do elevador,

com a sua porta doente que insiste em abrir...

 

Tenho medo, não sou mais humano,

Sou o palco, o teatro, o pano,

No mesmo instante

em que me transformo na poeira do carpete,

Ajeitado como a pele de um animal morto.

Não sou mais nada,

Parado no hall de entrada,

Sobre a frieza do piso exposto na portaria,

Sou como um fantasma

na imagem da segurança, Esperando o tempo ruir,

Almejando sem sofrimento uma mudança...

 

 

\" Quando Alice estava tomando chá com o Chapeleiro Louco, ela notou que não havia geléia. Pediu, então geléia, e ele disse:”A geléia é servida dia sim, dia não. ”Alice reclamou: ”Mas ontem também não havia geléia!” ‘Isso mesmo’ respondeu o Chapeleiro Louco. ’A regra é esta: geléia sempre ontem e geléia amanhã, nunca geléia hoje…porque hoje não é ontem nem amanhã.