Helio Valim

Mitológica

 

Sua boca sensual

comprimia-se num murmúrio

extremamente carnal,

que pouco a pouco excitava

a imaginação daqueles

para quem ela cantava.

 

Seu canto de sereia,

dama dos mares,

fundia-se aos sons do oceano,

que na branca areia

quebrava suave.

 

Então, silenciosamente, em súplicas,

guarda o ardente fulgor.

Mas, por Ulisses não é ouvida!

Fazendo-a esquecer a beleza da vida.

E, sem vida,

sentir a tristeza da sua solidão.

 

Deixando de lado o seu véu,

o céu de estrelas,

e deslizando, mansamente,

sobre as plácidas águas do luar,

perde-se no horizonte,

fundindo-se,

confundindo-se com o firmamento...