Não sou o mais louco dos poetas,
Nem tampouco o mais doce e romântico,
Pois sei que nada sou diante do seu amor.
Não por sua imensidão,
Mas pela pureza franca do anseio,
E das minhas palavras discretas,
Com o toque sutil, quase semântico,
Observado na roupa quarada no varal.
Sim, havia um quintal,
Onde a roupa secava,
Batida pelo vento inevitável,
Levada num segundo como se fosse a vela,
Dentro de uma imensa caravela,
Buscando navegar na compreensão
de um novo mundo.
Essa nau que partia,
Tracejando uma rota no mapa,
Sabia que não haveria ninguém a esperar,
Enquanto os mares brancos das folhas
não fossem pintados com lápis de cera...
No globo que fiz e em volta dele,
Contornando o oceano
de seus delicados sentimentos;
Colados no céu
como pequenas estrelas de papel alumínio,
que giravam,
dando no infinito, a doce impressão
de estar para sempre abraçadas,
quando foram alçadas pelos fios invisíveis
de um auspicioso beijo,
que abriria a porta da gaiola,
Onde pombas esperavam ser soltas.
Mas, em meu coração abstrato,
Somente havia o espaço obscurecido,
Pincelado exaustivamente
De forma extraordinária,
Buscando encontrar em sua alma,
O tom exaurido do amor pela minha fé,
Capaz de sobrepor o manto perdido,
Pelo cavaleiro azul.
As pinturas de Kandinsky do período em que fez parte do grupo Der Blaue Reiter (\"O cavaleiro Azul\") (1911-1914), foram compostas por massas coloridas largas e bastante expressivas, avaliadas independentemente a partir de formas e linhas que já não serviam para delimitá-las. Estas seriam sobrepostas numa forma bastante livre para formar pinturas duma força extraordinária.
A influência da música foi bastante importante no nascimento da arte abstrata, como sendo abstrata por natureza, este não tenta representar o mundo exterior mas antes para expressar, numa maneira imediata, os sentimentos interiores da alma humana. Kandinsky às vezes usava termos musicais para designar o seu trabalho; ele chamou a muitas das suas pinturas espontâneas “Improvisações”, e “Composições” a outras muito mais elaboradas e trabalhadas em comprimento, um termo que ressoou nele como um orador.
Além da pintura Kandinsky desenvolveu a sua opinião como um teórico da arte. De fato, a influência de Kandinsky na história da arte do ocidente talvez resulte mais dos seus trabalhos teóricos do que propriamente das suas pinturas.
Ao mesmo tempo que escrevia “Do espiritual na Arte”, Kandinsky escreveu o Almanaque do Cavaleiro Azul, que serviram tanto como defesa e promoção da arte abstrata, assim como uma prova de que todas as formas de arte eram igualmente capazes de alcançar o nível da espiritualidade. Ele acreditava que a cor podia ser usada numa pintura como uma coisa autônoma e distanciada de uma discrição visual de um objeto ou de uma qualquer forma.