Carlos Lucena

POESIA SEM PÃO

POESIA SEM PÃO 

Queria ser mais forte 
que a poesia
Nem depender 
das mentiras que 
ela  faz crer.
Queria ser mais trágico que um poema 
Só assim não dependeria de suas verdades
Nem daquilo que ela não me faz ser.
A poesia tem 
uma verdade que dói
E uma mentira 
que destrói.
Às vezes de rara beleza
É leve como pluma macia
Mas em outras
Foge-lhe a singeleza 
Porque é cortante o punhal  em que  
ela se desfia.
Se fala de amores 
é por ironia
E se não fala
Se guarda um ser apático
E tal sentimento 
o coração desconhecia 
Pois o poeta 
é um doido, é um lunático
Preso nas alcovas 
e nas celas da poesia
Que nada lhe dá...
Nem mesmo 
o pão de cada dia!