POESIA SEM PÃO
Queria ser mais forte
que a poesia
Nem depender
das mentiras que
ela faz crer.
Queria ser mais trágico que um poema
Só assim não dependeria de suas verdades
Nem daquilo que ela não me faz ser.
A poesia tem
uma verdade que dói
E uma mentira
que destrói.
Às vezes de rara beleza
É leve como pluma macia
Mas em outras
Foge-lhe a singeleza
Porque é cortante o punhal em que
ela se desfia.
Se fala de amores
é por ironia
E se não fala
Se guarda um ser apático
E tal sentimento
o coração desconhecia
Pois o poeta
é um doido, é um lunático
Preso nas alcovas
e nas celas da poesia
Que nada lhe dá...
Nem mesmo
o pão de cada dia!