Antonio Olivio

@FAKE MAN

Escrevi mentiras

Sobre quem sou

Acabei me agarrando

Ao eu, que se inventou.

 

Me entreguei de alma,

Ao personagem de mim 

Homem @rrobado,

Virtuoso e virtualizado.

 

Meu corpo confuso,

Se move imobilizado,

Em dedos frenéticos, 

Que apertam teclas.

 

Teclas, que dizem 

As verdades que escolhi,

E me ajudam a existir:

Um homem mistificado.

 

Virei um experimento 

Apenas possível nas redes,

Onde me desenvolvo,

E sou feliz , sendo quem não sou.

 

Transcendi e vi a face Deus,

Um Deus virtual 

Que recolheu dos homens,

O livre arbítrio. 

 

Sou família perfeita,

Sem a  aberração,

Da liberdade 

Que tenta se impor.

 

Me transformei na Patria,

Perfeita mãe gentil,

Que nunca ignora,

Esse povo vil.

 

Salve os nossos valores,

A minha constituição,

Que a minha inconsciência, 

Seja a ciência da nação.

 

Salve a minha cultura, 

Ou a antecultura, 

Seja ela a revolução 

Para um recomeço. 

 

Percebo que há outros, 

Somos milhões,  como eu,

Que gritam pelo direito,

De sermos iguais.

 

Direito de dizer, tudo 

Contra esta coisa suja,

Que as minorias impõe 

A nós,  cidadãos de bem.

 

Mas é estranho, muito...

Quando abro a porta da realidade,

E ponho o pé nas ruas da verdade, 

Algo estranho me abstrai.

 

Olho, nos olhos,

De pessoas que existem,

Parece até que sofrem,

Sofrimentos que não entendo. 

 

São antigos amigos,

Parentes que me olham de volta,

Seres , que amei um dia,

Antes de tudo isto começar.

 

Há também pessoas novas,

Enfiadas em seus afazeres,

Nas feiras, nos bares , nas fábricas 

Serão de verdade?

 

Haverá ainda, algum sentimento?

Devo ter piedade, Destes seres,

Que andam perdidos,

Ideologizados e emburrecidos?

 

 É muito para suportar,

Deixe-me tomar um café 

E me enfiar pra dentro 

De um celular...

 

Eu, homem introvertido,

Que se extroverteu 

Num mar de antenas,

E se desprendeu de mim.

 

E que depois se perdeu 

Virou homem inventado,

Homem lobotizado,

Homem sem : mim mim mim.

 

Antonio Olivio