Jonhmaker

Madrepérola

 

 

A lua projetava o seu perfil azul,

Sobre os velhos arabescos das flores calmas,

Era como o ninho futuro,

Apurado em beleza sobre a pequena varanda;

E das ramadas escorriam gotas

que antes não haviam.

Na rua ignorada, anjos brincavam de roda...

– Ninguém sabia, mas nós estávamos ali.

Só os perfumes exaltados no ar

teciam a renda pura da tristeza,

Porque as corolas eram alegres

como frutos saudáveis.

 

Uma inocente pintura

brotava do desenho das cores,

Pus-me a sonhar um poema na mesma hora,

E, talvez , ao olhar o meu rosto exasperado

pela ânsia de tê-la, tão vagamente, querida amiga,

Talvez, ao pressentir na carne,

Nas partes sensíveis do meu coração,

A germinação estranha do meu indizível apelo,

Ouvi bruscamente a claridade do teu riso roubado,

Num gorjeio de gorgulhos do sereno de água enluarada.

 

Era tão belo, tão mais belo do que a noite,

Tão mais doce que o mel dourado dos teus olhos,

Que, ao vê-lo trilar sobre os seus dentes,

como um címbalo,

E escorrer sobre os teus lábios

como um suco vitalizado,

E marulhar entre os teus seios como uma onda,

Eu chorei docemente

na concha de minhas mãos vazias,

Arrependido de não ter ocultado meu severo sentimento,

Com medo de que tivesses me possuído

antes de ter me amado...