Victor Severo

Brisas e Monções.

O vento frio da manhã já prenuncia.

O quão quente será todo o meu dia.

No deserto do meu velho coração.

Foi-se embora apressado esse vento.

Levantando poeira truculento.

Me deixando a mercê da solidão.

 

Orgulhoso, vaidoso e insensível.

Sai no mundo a espalhar sempre terrível.

Suas lufadas ardentes ou de frescor.

Vai em busca de outros sofrimentos.

Espalhando o mais vil dos sentimentos.

Hoje há ódio onde antes havia amor.

 

Vento triste, covarde, trapaceiro.

Me envolveu em teu manto traiçoeiro.

Carregando a minha doce querida

De brisa leve tornou-se redemoinho.

Quando atravessou o meu caminho.

Arrasando para sempre minha vida.

 

Usurpastes a quem eu tanto amava.

Apagaste a fogueira que queimava.

Eu que tolo um dia em ti confiei.

Nesse luto para sempre te maldigo.

Me enganaste se fingindo amigo.

Me roubando aquela a quem amei.