Convivo com a ansiedade
de ser o que já fui,
de viver o que já vivi,
ter o que já tive,
quando o que importa, na verdade,
é dizer algo sobre o agora,
e ter razão sobre não ter razão!
Sinto o tempo passar sem compaixão
nas bordas do destino dos que se vão,
sinto a densidade do vão,
sobrevivo a essa condição
que me empurra, sem dor,
para o limite da consternação!
Sofro com platitudes, como plumas,
a justificar a ausência de justiça
para meus pares, meus irmãos.
Anseio pela ladainha da oração,
no refrão de conhecida canção,
enfim, descompenso no limiar da inação,
mas, não deixo a alienação turvar a visão!