Helio Valim

Denso limite

 

Convivo com a ansiedade

de ser o que já fui,

de viver o que já vivi,

ter o que já tive,

quando o que importa, na verdade,

é dizer algo sobre o agora,

e ter razão sobre não ter razão!

 

Sinto o tempo passar sem compaixão

nas bordas do destino dos que se vão,

sinto a densidade do vão,

sobrevivo a essa condição

que me empurra, sem dor,

para o limite da consternação!

 

Sofro com platitudes, como plumas,

a justificar a ausência de justiça

para meus pares, meus irmãos.

Anseio pela ladainha da oração,

no refrão de conhecida canção,

enfim, descompenso no limiar da inação,

mas, não deixo a alienação turvar a visão!