Rosa Nael

Boca de Fogo

Boca de fogo
Num festim de iguais em tanto 
Eis Tu com os seus impropérios 
Coração ardente e flamejante
De quem viveu mais do que os olhos dizem 
Jovem em alma
Madura em tempo
Te observo como se fosse cravejada em rubis

Te desejo agora 
Não menos que um minuto atrás, 
Na mesma intensidade dos amanhãs
Continua vivendo por entre as horas do meu dia
Inseparável clamor da loucura e ardor da consciência
Que te chama quando me chama

E por mais que me diga que não posso
Que não me merece
Que não merece mais amar 
Te digo que amar a ti não é um fardo
É uma dádiva saborear as suas complicações
Mastigar seus pecados 
Emprestar a minha pele para compartilharmos as cicatrizes.

Seus amores anteriores são seus
Nenhum pouco meus
E se te fizeram ser quem é
Agradeço-os
Não poderia amar outro mulher
Senão essa que é você 

Você irá devorar a minha alma? 
Blasfêmia
Terá tudo que posso permitir 
E quero ser consumida por ti 
Da metáfora ao fato
Te quero toda 
Quero como nunca antes quis

Para saciar a minha vontade 
Te beijar sem medo 
Sentir sua boca quente
Aquecida pela ousadia 
Provando e bendizendo sua maledicência 
O gosto do seu perigo
E indecência