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Adriele Bernardi

Desigualdade nunca sai da moda

Desigualdade nunca sai da moda

Enquanto eles se sentam a mesa,
Os outros se sentam no chão.
Não há bondade e gentileza
Onde a fome é uma opção.

Enquanto eles contam suas notas,
Os outros medem sua pobreza.
Não há suporte para almas mortas
Em que a miséria é sua grandeza.

Enquanto eles reclamam banalidades,
Os outros se calam diariamente.
Não há misericórdia nas cidades
Em que a censura é latente.

Enquanto eles matam e ganham o jogo,
Os outros morrem e perdem a frente.
Não há piedade no ciclo do lobo
Que toma tudo do cordeiro inocente.

Enquanto eles pisam em cabeças,
Os outros se queimam para sobreviver.
Não há remédio que amorteça
A dor de perdurar e não vencer.

Enquanto eles estalam os dedos e é servido,
Os outros desfalecem a seus pés sem nada.
Não há justiça em ser banido
Do recanto que já foi sua morada.

Enquanto eles entram em seus jatos,
Os outros se contentam com a vida dada.
Não há virtude em conviver com ratos
E aceitar de bom grado suas migalhas.

Enquanto eles reinarem como porcas divindades
E os outros serem nobres criaturas em escanteio,
A luta pela igualdade permanecerá em justiça e verdade
E nada calará a voz do povo que as carrega em seu seio.