Numa noite inquieta,
Num brilho trágico
Do drama da lua,
Um brasileiro perfeito,
Contra o Vazio infeliz,
Jogou a moeda,
Apostou o Brasil.
Era a cara da pátria,
Ou de um antigo império,
Clamava pela coroa.
Falava o nada pro nada:
“Joga-se três vezes,
Vence a sorte maior.”
O brasileiro perfeito,
Não é coroa da pátria,
Mas sim, a cara do povo.
Tinha em acordo,
Os desacordos do Brasil.
Cara, coroa, cara
Ganhou a joia nacional.
E o Vazio ainda vazio.
Como a coroa da pátria,
Tinha como sede infeliz,
O sangue em brasil.
Coroa, Coroa, Cara,
O brasileiro perfeito,
Era dono da pátria,
Agora, escravo da nação.
Arrependido de si,
Restou o Brasil metafísico,
Sensação de pátria em vitória,
Seja por amor ao vício,
Ou ilusão de uma glória.
Apostou as três caras do Brasil,
Liberdade, Honra, Memória,
Do Governo, Do Povo, Da História.
Eram uma em oito jogadas.
Coroa, Coroa, Coroa.
Agora o Vazio é Tudo,
O Tudo era o Brasil,
Que hoje é brasileiro,
Ocupado de mais
Com os dramas da lua
Tão fraco na mente,
Tão doente no corpo,
Eram uma e oito,
Não sabia contar,
Apostou o Brasil,
Agora, Vazio.