Carlos Lucena

FLOR E POESIA

FLOR E POESIA

Se me deres uma flor
Direi obrigado
E guardarei o perfume
Pois ela haverá 
de ter murchado
Perderá sua cor
Mas além do perfume que foi guardado
No caule desfolhado 
Terá ela consumido 
os orvalhos
Que na noite
Umedeceu - lhe 
os  galhos
E para  completar -  lhe a fragrância
Da qual deu-lhe 
a natureza
A pura e constante ânsia 
Assim de perfume 
e  de beleza
Mesmo de pétalas caídas 
E de tez esmaecida
A secura ainda deu -lhe 
a singeleza
Daquilo que ela  
foi um dia
Perfumada
Serena
E colorida
E doce como 
puro vinho
Na haste
Descreveu com 
seus espinhos 
A beleza de ser flor
E mesmo não tendo sido mais o que foi um dia
Sua delicadeza 
e seu perfume 
Se transformam 
em puro lume 
Como luz da poesia.