FLOR E POESIA
Se me deres uma flor
Direi obrigado
E guardarei o perfume
Pois ela haverá
de ter murchado
Perderá sua cor
Mas além do perfume que foi guardado
No caule desfolhado
Terá ela consumido
os orvalhos
Que na noite
Umedeceu - lhe
os galhos
E para completar - lhe a fragrância
Da qual deu-lhe
a natureza
A pura e constante ânsia
Assim de perfume
e de beleza
Mesmo de pétalas caídas
E de tez esmaecida
A secura ainda deu -lhe
a singeleza
Daquilo que ela
foi um dia
Perfumada
Serena
E colorida
E doce como
puro vinho
Na haste
Descreveu com
seus espinhos
A beleza de ser flor
E mesmo não tendo sido mais o que foi um dia
Sua delicadeza
e seu perfume
Se transformam
em puro lume
Como luz da poesia.